quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Letreiro


Tudo o que eu sou, o sou por obra e graça
Da comoção rural que está comigo.
Foi a virtude lírica da Raça
a herança que eu herdei do sangue antigo.

Foi esta voz que em minhas veias passa
e atrás da qual, maravilhado eu sigo.
Como um licor de encanto numa taça,
Assim se quer esse condão comigo.

Olhai-me  -  Eu vim de honrados lavradores.
De avós e netos, sempre os meus Maiores.
Fitaram o horizonte que hoje eu fito.

«O que estaria além de curva estreita?»
-  E da pergunta a cada instante feita,
Nasceu em mim a ânsia para o Infinito.

António Sardinha (1887-1925)

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