Elegia Para Uma Gaivota
Morreu no Mar a gaivota mais esbelta,
A que morava mais alto e trespassava
De claridade as nuvens mais escuras com os olhos.
Flutuavam quietas, sobre as águas, suas asas.
Água salgada, benta de tantas mortes angustiosas, aspergiu-a.
E três pás de ar pesado para sempre as viagens lhe vedaram.
Eis que deixou de ser sonho apenas sonhado.
-: É finalmente sonho puro,
Sonho que sonha finalmente, asa que dorme voos.
Cantos dos pescadores, embalai-a!
Versos dos poetas, embalai-a!
Brisas, peixes, marés, rumor das velas, embalai-a!
Há na manhã um gosto vago e doce de elegia,
Tão misteriosamente, tão insistentemente,
Sua presença morta em tudo se anuncia.
Ela vai, sereninha e muito branca.
E a sua morte simples e suavíssima
É a ordem-do-dia na praia e no mar alto.
Sebastião da Gama (1951)
Para mim, nesta foto, Sebastião da Gama, trazia já na sua tez, a claridade que a Gaivota, revolta em seu cabelo, lhe sussurava que muito cedo o chamaria para o Seu "sonho puro".
ResponderEliminarAssim aconteceu !