quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A esfinge

Até quando? Até quando iremos enganados,
A caminho do impossível horizonte,
Com um sinal de cinza sobre e fronte,
Inutilmente sensíveis e alados?

Até quando libaremos pelas taças dos mundos
Toda a maré de horror dum subterrâneo mar;
E entornaremos flores no cadáver do luar,
Cadenciados e juncundos?

Até quando teremos, como prémio, o castigo
Dos loiros triunfais, do ceptro de comando,
Num país que não vemos? Até quando? Até quando?

      -    Mas a esfinge é divina e o segredo é consigo.




António Manuel Couto Viana  (1923/2010)

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