domingo, 27 de novembro de 2011

Ainda Álvaro Guerra

Na morte de Álvaro Guerra (1936-2002)

Álvaro Guerra morreu sem que a sua obra literária fosse valorizada como merecia. Em geral, essa obra foi mesmo minimizada ou esquecida. Para já não falar num ou noutro caso em que o escritor foi vítima de críticas, ou alegadas críticas, de quem parece entender que escrever bem e contar bem uma história, mas com uma estrutura narrativa relativamente linear e tradicional (no caso da Trilogia dos Cafés na linha do folhetim oitocentista), é uma espécie de pecado mortal. Ou pecado mortal terá sido haver-se estreado com um romance cujo pano de fundo é o imobilismo e obscurantismo salazarista, Os mastins, ainda por cima com um prefácio do terrível neo-realista, Alves Redol, vila-franquense como ele, Guerra? Ou ter publicado a seguir um romance “pioneiro” sobre a guerra colonial, O disfarce, e um terceiro, A lebre, em que tais realidades continuavam presentes? (romances, aliás, de notória pesquisa formal, os dois primeiros editados em França pela Gallimard). Ou ter dado a lume, entre 1982 e 1987, aquela trilogia, raro fresco ficcional da sociedade portuguesa desde a I República ao libertador 25 de Abril de 1974? E nesses livros, como em outros posteriores, ter feito sempre aquilo que aqui se classificou como um persistente «exercício contra uma certa amnésia histórica nacional»?
O rol deste tipo de perguntas poder-se-ia prolongar. Mas também é legítimo interrogar-nos sobre a influência que porventura terá tido em tal desvalorização o facto de nunca Álvaro Guerra haver pertencido a quaisquer grupos, designadamente de pressão ou elogio mútuo, antes a eles se ter oposto (ler a tal propósito  -  nas páginas 13 a 17, em que evocamos o escritor agora desaparecido  -  a crónica que publicou aqui no JL, com um título que glosa o famoso romance de Aquilino Ribeiro: Quando os lobbies uivam). Ou o facto de ter demasiada biografia  -  o que parece não ser perdoado a certos escritores, como nestas colunas sublinhou Manuel Alegre quando havia tantos a fazer de conta que ele não existia ou era apenas um poeta irremediavelmente «menor». Ou o facto, enfim, de ter sido um lutador contra a ditadura, ter estado ligado ao próprio 25 de Abril, e depois dele ter combatido novas tentativas totalitárias emergentes: uns não lhe ‘perdoarão’ a primeira coisa, outros não lhe ‘perdoarão’ a segunda...
Por mim, devo confessar tive muito gosto em que Álvaro Guerra tivesse sido, logo após José Cardoso Pires, um dos primeiros escritores portugueses que editei com a chancela de o jornal, entre outros livros exactamente os daquela trilogia  -  e em ter apresentado depois o romance, Razões do Coração, com o qual começou a ser editado pela Dom Quixote. E, por isso mesmo, ter sido dos primeiros leitores dessas obras de alguém que era também um bom amigo e um colaborador deste jornal, em cujas colunas, como tantos destacados escritores portugueses de várias gerações, teve, a certa altura, uma crónica regular.
Conheci o Álvaro como jornalista da República. Logo a seguir ao 25 de Abril, estava ele na direcção de informação da (RTP) e eu no Diário de Notícias, a seu convite ali comecei a colaborar como comentador político, ao mesmo tempo que fazia, com o Fernando Assis Pacheco, a convite do Manuel Ferreira o primeiro programa literário, Escrever é lutar. Após o 11 de Março de 1975, numa história ainda com muitas histórias por contar, eu saí do DN, onde então iria assumir o cargo de director (antes era director-adjunto), sendo substituído pelo José Saramago, e o Guerra saiu da direcção de informação da RTP, para a qual (ou pela qual...) eu passaria em condições muito particulares. Estivemos, depois, em 1976, juntos na Comissão Política da primeira candidatura à Presidência da República do general Ramalho Eanes, para cujo lançamento e consolidação o Álvaro deu um precioso contributo. E por aí fora.
Nestas e em tantas outras circunstâncias posteriores, inclusive na sua amada Índia, onde era embaixador aquando da visita presidencial de Mário Soares, que acompanhei , tive múltiplas oportunidades de confirmar que o talento de Álvaro Guerra não se limitava à literatura, antes se estendia a diversos outros domínios. Mas, muito mais  -  já deixando de lado o seu humor e a sua ironia, que tanto podiam ser amáveis como sorridentemente ácidos, cortantes -, pude sempre apreciar o seu carácter, a sua integridade, a sua militante consciência de cidadão e de português. Por isso, quisemos que entre as pessoas que nesta edição escrevem sobre ele estivessem alguns dos que melhor o podem testemunhar; por isso para um título, só com duas palavras, para a capa, escolhemos, singela mas creio que significativamente,  «Escritor e Cidadão».
Texto : de José Carlos de Vasconcelos
Fonte : JL de 1 de Maio de 2002


EVOCAÇÃO

Quando os Loobbies Uivam

Mestres Aquilino Ribeiro e Vitorino Nemésio estariam provavelmente fadados para vítimas de certa crítica literária que hoje se pratica, com a desfaçatez impune das regras do lobby e do marketing.
O gosto da palavra do bem escrever já não é hoje bitola aferidora da apreciação pública das obras literárias que em Portugal se publicam. Prosa que obrigue esses escribas a consultar o dicionário meia dúzia de vezes corre o risco de ser catalogada como «gáudio perverso escrever em vernáculo». Não fora o abrigo que lhe proporcionam as páginas de prestigiosos semanários, sumir-se-iam estas senhoras e estes senhores na iracúndia solitária e fanariam, estorcegando metaforicamente e em família os que escolhem como inimigos do seu fino gosto. Não deveriam, claro, ser consideradas críticas os destrambelhados decretos literários dos «fazedores de opinião» que têm por estrovenga a prática da escrita que vá além do vocabulário dos noticiários ou saia da pena dos que não frequentam os lugares selectos onde conspiram o seu terrorismo cultural.
Parafraseando esse grande cultor da língua portuguesa que foi Aquilino Ribeiro, no seu «gáudio perverso» diria da tarefa desses «críticos» que «Um récipe destes, para quem habita no sertão, não é tão fácil de aviar como parece à primeira vista. Os bezoárticos mais raros não seriam mais caros». (In A Casa Grande de Romarigães). Purga para quadrúpedes promovida a antibiótico literário é a aberração dos debitantes das modas que procuram fazer e desfazer reputações, em terra fértil delas. É esta a missão dos grupelhos de más intenções e caprichos que procuram fazer dos leitores desatentos pascácios ou bonifrates nas suas doutas mãos, rasando quantos recusam o gosto do dia e pecam por não incompatibilizarem as ideias com os ideais. Trata-se de um fenómeno de miguelismo estrangeirado, portanto paradoxal, bastardo, pacoviamente sofisticado e emaranhado em ignotas leituras mal assimiladas, campeando de cacete cego em riste contra os inimigos eleitos pelo seu desamor às raízes por onde ainda sobe o resto da seiva da nossa identidade. Superficiais e injustos, duma insensibilidade biliosa, não hesitam no processo sumário dos que renegam a fatalidade do vácuo que eles vão ampliando na contabilização das consagrações que ruminam em quilos abaciais, apontam os dedos de corcundas cosmopolitas aos fantasmas jacobinos que inventam e empurram para os desvãos da história que julgam escrever. Pura ilusão. As suas letras são como borborigmos  das suas digestões, um gasear nas tripas convulsas pela fast food da sua cultura rascunhada das sebentas universitárias e avessa à luz do dia real. Valha-nos o serem disco em vez de orquestra, pese embora o barulho que produzem   -  sem contraponto de harmonia, infelizmente.
«A deusa da tragédia e o apaixonado de Juno caçavam o nome astronómico: a mitologia portuguesa morria a bordo do classicismo do pavilhão tricolor... Mas o papel da Melpomène não se esgotava nessa turra de mitos do mar», (Vitorino Nemésio, in A Mocidade de Herculano).
Exemplo de prosa tersa , naturalmente do desagrado desses secos árbitros do gosto literário, esta narrativa da fuga de Herculano às forças miguelistas para bordo de uma fragata francesa, ilustra as minhas opções estéticas, que exigem o mesmo respeito que dedico às dos outros, se as não transformam no furor inquisitorial que ora me obriga a não ficar calado. Para dizer basta aos chatins literários e aos processos sumários, ao julgarem-se escudados pelas páginas dos jornais de que abusam como manto de respeitabilidade que não dispensam!
Que não se deduza destas palavras outra coisa para além da patente indignação. A jactância dos malsins não é decisória nem perene, não conta sequer como escolho diante da rota dos descobridores que fazem da escrita uma aventura cujos perigos não são, certamente, os dos bicos dos abutres que só fazem mossa em carne morta.
Claro que há para aí muito escriba de nomeada e boa imprensa que aparenta não dever nada a Camilo, a Eça, a Vieira. Das duas uma: ou são de más contas ou de más letras, o que pouco monta para o julgamento dos iluminados hebdomadários.
Escrevo com gáudio o meu vernáculo, pois claro. Ou seja, o nacional, o genuíno, o correcto, o que não sabem nem podem escrever aqueles que nos condenam à sua fogueira de despeitos e eleições afectivas.
Perversos são eles, que vão às estantes dos nossos bons clássicos espanejá-los e folheá-los, para nos atirarem à cabeça similitudes acusatórias que confundem com a honrada herança de quem lhes preza a memória e as obras. Pobres são eles, que secamente vivem o tempo do tédio, sem poderem compensá-lo com o gáudio de escrever a palavra esperança que, nas suas mentes se transmuta em anacronismo. Não têm passado nem futuro. É verdade que não precisei de escolher o tempo do meu romantismo  -  navego ao sabor dos ventos soprados por aqueles que pensam que a História acabou.

Texto : de Álvaro Guerra
Fonte : JL 1 de Maio de 2002.


Razões do Coração 

«O futuro nunca se alcança, nós percorremos um
caminho interminável... Os ideais estão a fazer-
nos imensa falta...»
                                                     Álvaro Guerra

Álvaro Guerra (1936-2002) não nos deixou. Fica para sempre, e em todos os que o conheciam, a recordação do seu espírito, da sua sensibilidade e do seu inconformismo. Quem quiser estar com ele, releia a sua obra - desde Os Mastins (1967) até ao próximo No Jardim das Paixões Extintas (2002). No fundo o jornalista, o embaixador, sentia-se essencialmente um escritor, que nunca se despia da sua veste de cidadão. Leia-se, por exemplo, a trilogia dos cafés - Café República (1982), Café Central (1984), Café 25 de Abril (1987) -, lá está a história, vista, de modo iconoclasta e incómodo, com recusa de ideias feitas, a partir da “sua” Vila Velha - aliás, Vila Franca de Xira... A maior parte de nós começámos, aliás, a conhecê-lo, através da escrita, em especial no República  -  no inconfundível “ponto crítico”. Se recordei aqui, à pouco tempo, Raul Rego, não posso deixar de dizer que o impulso da afirmação do jornal também muito se ficou a dever ao talento de Álvaro Guerra, ao lado de uma plêiade de jornalistas que bem conhecemos. Um jornal é sempre uma equipe e a história dos preparativos do 25 de Abril passou indiscutivelmente pelo República e muito em especial pelo Álvaro Guerra, na sua acção pedagógica e informativa de congregação de esforços e de despertar vontades. Ao encontrar no Alto de S. João o meu velho amigo Avelino Rodrigues, cronista da revolução, que descreveu numa obra de referência os passos que a precederam, lembrei-me do depoimento do Carlos Albino sobre o santo e a senha do movimento (cf. DN; 19.4.02)...

A história faz-se de episódios aparentemente insignificantes, que representam tudo o que à distância ganham em sentido épico. «Tenho uns amigos italianos que querem ouvir esta noite no “Limite” a canção do Zeca Venham mais cinco» ... A que horas? «Tem de ser mesmo à meia-noite e vinte, com exactidão. Eles querem gravar». Mas, o Venham mais cinco não pode ser. Estava proibido - «e temos o coronel a fazer censura directa. Diz aos teus amigos que escolham outra». Carlos Albino percebeu a situação. «Pode ser o Grândola, Vila Morena, que temos transmitido sem problemas». E assim seria. Foram almoçar e Álvaro Guerra selou o trato: «Amanhã se isto falhar e um de nós ficar cá fora leva ao outro um cigarrinho e um bom livro, que se publique... Para quê outras recordações?

Uma página de diário. 8 de Fevereiro de 2000. Estocolmo. Álvaro Guerra é, como sempre, o anfitrião que se deseja. Vim num périplo relâmpago, para preparar a Cimeira de Lisboa. Acabo de chegar de Helsínquia. O Governo sueco apoia-nos na defesa de um salto inédito na União Europeia, apesar de algumas resistências inesperadas de outros. Trata-se de pôr as questões educativas na ordem do dia da Europa social, associando-as aos temas do emprego e da formação profissional. Que sentido tem falar-se de educação permanente se se esquecem as escolas? A noção de “sociedade educativa”, o dar ao conhecimento e à capacidade de aprender um papel essencial no desenvolvimento e coesão social exigem que se mude de perspectiva nas políticas públicas. Era necessário obter todos os apoios possíveis, para o que veio a ser a estratégia de Lisboa. Tudo correria como o previsto, mas exigiu uma grande persistência contra as oposições e as resistências passivas. Para quê dar importância a esse tema? Mas como responder positivamente aos estímulos de modernização e de qualificação dos europeus? O apoio sueco foi indiscutível, como também fora o finlandês. No entanto, ainda era incerto o resultado final. Por isso, não se tratou apenas de definir o caminho e a estratégia, mas de prever acções de sensibilização em relação aos outros parceiros. A cooperação sueca foi muito importante, até porque a rede das novas tecnologias de informação Schoolnet  era e é animada e desenvolvida por iniciativa deles. No fundo, a capacidade para o emprego qualificado (employ ability), a coordenação entre políticas de emprego e educação e a definição de competências comuns fundamentais, designadamente, nas línguas e nas tecnologias, sem pôr em causa a diversidade dos sistemas educativos e o princípio da subsidiaridade, obrigaria a recusar não só as tenções uniformizadoras, mas também a lógica da demissão e da indefinição. 

Depois do encontro muito útil e frutuoso. Com o ministro da Educação sueco e com a sua equipe e da garantia de apoio à nossa estratégia, almoçámos frugalmente. O embaixador Álvaro Guerra introduziu-nos nas questões suecas do momento. Visitámos o Museu Wasa, inevitavelmente, invocando a viagem gorada do célebre navio de 1628, e partimos para uma agradável deambulação pedestre pelas ruas da cidade. Álvaro Guerra explica pausadamente.  Gamla stan é o coração da cidade histórica. Sentem-se as origens de uma sociedade de marinheiros que por ali estabilizou a sua organização e a sua influência. Birger Jarl (séc. XIII), fundador da dinastia dos Folkung, estabeleceu a capital em Estocolmo e iniciou a unificação nacional, dando lesi comuns a um povo disperso. Aqui está a catedral do século XIII (Storkyrkan) e a antiga praça (Stortorget), rodeada de antigos edifícios bem característicos da cultura báltica e hanseática. Ali, a Bolsa, de arquitectura barroca, onde a Academia Sueca se reúne para atribuir o Prémio Nobel da Literatura. Acolá a Riddarhuset, o melhor exemplo da arquitectura do século XVII, o edifício onde a nobreza se reunia. Invoca de modo imponente a época de ouro de Gustavo Adolfo (1594-1632), criador do Parlamento, modernizador da economia e da educação, e fundador da Suécia moderna, ou da rainha Cristina (1626-1689), que o nosso Padre Vieira encontrou em Roma.

O dia está glorioso. É o primeiro dia de Sol do ano. Depois de uma invernia cinzenta, Álvaro Guerra assinala o dia absolutamente excepcional que estamos a usufruir. A cidade e as crianças vieram para a rua. Os reflexos da luz projectam-se no Báltico e no Lago Maelaren, dando-nos uma tarde fantástica. Sentados no Grande Hotel, falámos longamente da experiência sueca, da modernização e dos novos problemas de um Estado providência com uma população envelhecida, que, apesar de tudo, começa a dar sinais positivos quanto à natalidade. Recordamos Olof Palm e a sua personalidade generosa e aberta, numa sociedade onde a concentração e o diálogo social são regra e motivo de progresso. Conversamos sobre literatura, sobre a vida e sobre a nossa terra... Álvaro Guerra, muito prático, explica as peculiaridades da vida de um país nórdico e os seus meandros políticos, sempre com sabedoria e com a prudente distância de quem, felizmente, nunca levou o poder muito a sério...

Recordamos ainda outras paragens - Jugoslávia, Índia... Passamos ao de leve pela crise dos Balcãs. O puzzle e a História são demasiado complicados para que haja conclusões  ou certezas. O tempo dará as suas lições, desde que não haja ilusões sobre países construídos a régua e esquadro. Lembramos um nosso encontro antigo em Belgrado, no tempo de Josip Broz Tito, tão longe de tudo o que viria a acontecer. Nessa altura Álvaro Guerra também estava acreditado em Tirana e recordo o que nos contou sobre as mil peripécias para lá chegar, através das montanhas, ao encontro de um país isolado, desconhecido, fechado e distante de tudo. No final dos anos setenta estavam a acabar as reminiscências da última guerra  e dos movimentos contrários à sombra omnipresente de Estaline. Depois veio a perceber-se que, nos Balcãs, a segunda guerra tinha acabado, mas faltava ajustar contas da primeira guerra mundial, em bom rigor ainda não terminada...

Álvaro Guerra sempre quis manter-se livre das “danças exóticas à volta de uma coisa chamada poder”. Sempre a mesma recusa de optar entre o fogo e o gelo - como salientou Mário Mesquita: «Ao agir, ao polemizar, ao escrever, Álvaro Guerra procurou sempre os sentidos possíveis e compatíveis com uma certa noção de dignidade humana» (Público, 21.4.029. por isso, foi sempre incómodo nos seus comentários e na sua atitude, que não dissimulava. Era essa a sua hombridade de cidadão pleno, de ribatejano de antes “quebrar do que torcer”. Essa faceta, manteve-o incólume. Era um combatente permanente da liberdade. Aí não poderia haver transigências. Para ele, a cultura era, por isso, uma expressão de autonomia individual, da razão temperada pela medida e da capacidade crítica, muito mais do que qualquer tique pretensioso ou erudito... Como disse de D. António Menezes de Almeida, um dos personagens marcantes de Razões de Coração (1991): «É mais fácil fazer respeitar a dignidade que se mostra que a humildade que se simula».

Texto : de Guilherme d'Oliveira Martins
Fonte : JL de 1 de Maio 2002