segunda-feira, 18 de abril de 2011

Balanço

Tantas vezes me perdi sem labirinto.
Tantas outras sem bússola me encontrei.
Tanto sim ouvi, nítido e distinto.
A morrer em não, porque os desgastei.

Confiei segredos à tarde serena.
Devolveu-mos ela, espalhados no vento.
Fui regato fresco cantando em avena
e fui leito seco em caminhar lento.
Soprei mil pétalas em imaginário rosto,
desejando manhãs sem madrugadas.
Afastei as sombras rubras ao sol posto
e amei noites de estrelas pontilhadas.
Carreguei sobre os ombros tanto peso!
Sucumbi aos arranhões de tanta garra!
Mas alcandorei castelos, inventei defeso.
Teci loucos sonhos de beleza rara...

Lutas que perdi... guerras que ganhei,
são ela por ela, igual o resultado.

Prende-me à vida aquilo que não sei.
Esperança num amanhã ignorado.

Jesus Varela
                                                                                   


                                                                               

1 comentário:

  1. Balanço-me na dúvida de merecer estar aqui...
    Mas uma força maior diz-me que neste lugar me sinto bem, pois também é o meu espaço pelas afim(nidades).

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