sexta-feira, 15 de abril de 2011

29 Outubro 2010


O Canto do roussinol
Há muito que todos os cair da noite eram iguais, o sussurrar do roussinol nas silvas, embora lento, tinha reflexos de luz intensos, fazendo com que o caminho ficasse mais leve, pois os pés ao serem iluminados, saltitavam compondo a melodia que os obrigava a sentir que a noite, embora escura, dava sempre lugar a um novo dia, onde havia sol e esperança…
Assim foi durante um tempo, até que o anoitecer tomou uma forma hedionda, agigantou-se e o roussinol assustado pipilou baixinho – já não posso cantar - ficou temeroso com o que viu, e o passante perdeu-se … com as pernas entorpecidas não conseguiu encontrar a estrada!!!
MariaJoséPortugal
Cessaram os passos. O Sol, os sorrisos e agressões dos sons, também pararam. Recorre um silêncio ameaçador, porque pronúncio dum nada anunciado na expectativa perdida. Impõe-se a ilusão dum tempo parado em certeza de contínuo fluxo, sem pausa nem regresso…
Na vaga perdida de uma eternidade ou dum só momento, o roussinol, mesmo a desoras, parecendo sem motivo, levantou o seu trinado, triste mas vivo. Em melodia de glória à vida, as partículas do ar, voaram intrépidas até ao ouvido, meio ensurdecido do caminhante.
O recanto sombrio sacudiu-lhe a presença. O caminho acenou convidativo. Do mais íntimo de si evolou-se um suspiro conformado na única certeza de que o mais importante era continuar. E milagrosamente, das sombras vagas, destaca-se a nitidez do percurso.
Enquanto prosseguia, o canto do roussinol, como despertador já sem uso, foi-se desvanecendo ao longe…
MariadeJesusPinto.


2 comentários:

  1. MQJUJA
    só tu poderias descortinar a metáfora onde embuti todo o sentir da perda lenta, mas eterna que me consome em momentos de dor, que pressenti no murmúrio outonal daquela vozita débil, imperceptível - "filha não me faças falar, que eu não posso", é o eco dessa ressonância que jamais se desvanecerá da minha mente.Um beijo

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  2. Minha Amiga!
    Eu sei que há na vida momentos de paragem. Tão escuros e imbuídos de dor que parece nunca mais serem ultrapassados. Contudo há uma força incrível chamada vida que infalívelmente impõe o seu chamado. E no continuar da caminhada nunca mais iremos sós. As presenças queridas estão ali, ao nosso lado, pelo que nos marcaram, legando-nos uma vasta herança,onde sobressai a recordação duma vivência comum. Esqueçamos o amargo das lágrimas e olhemo-la com duçura.
    Beijo grande

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