quarta-feira, 13 de julho de 2011

Júlio Dantas



Selecções da “Gazeta do Sul” - Ano de 1955
“ O que de melhor se publicou em 25 anos”

(II volume)

Feia


Não te amei. E porquê? Porque não há em ti
A  graça que perturba, o sorriso que enleia:
Porque eu sou cego, filha, e porque tu és feia;
Porque te olhei, amor, e porque não te vi.

Foste minha e – vê lá – nunca te conheci.
A tua alma, tão bela e tão nobre, - ignorei-a.
Quis beleza, frescura, - e construi na areia:
Só comecei a amart-te, hoje, que te perdi.

Amor espiritual, amor sem esperança,
Amor que não deseja e, por isso, não cansa;
Amor contrito e puro, arrependido e triste…

Hoje estou convencido, ó minha gloriosa:
à paixão sem beleza é a mais perigosa;
O amor por uma feia é o maior que existe.





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