terça-feira, 12 de julho de 2011

ainda, Os Esquecidos ...

“Meu caro não esqueçamos que as pequenas emoções
são os grandes capitães das nossas vidas e que a esses
obedecemos sem saber.”

Van Gogh (1880)


 Hermenêutica

       Em alguns de nós, o olhar
queda-se paralelo
ao do mocho
que há muito do ombro
nos voou.

Estas pálpebras
humedecem os olhos
como ninguém a uma fronte.

Em seu retiro, velam

Separando
a luz das trevas.


 
Este poema talvez ainda não o entendas bem. Mas o que eu quero dizer é que acreditamos sempre nos que amamos, não é um poema de amor lírico. Não há um só, em todo o livro. Falo, nele, da obscura influência que todo o artista exerceu, desde sempre, sobre o nosso destino.  Detendo o segredo das palavras, das notas musicais, dos números, ele (o artista) empresta à vida uma gravidade e uma beleza que, um dia, verificarás que ela não tem. O título é: “Os bruxos”.
Terás que enfrentar sozinha o ofício, como eu o papel em branco.
E os que depois te aplaudirem, esses, não estavam ao pé de ti antes, isto é, quando quase entorpecida, mal sabendo o que fazias, estavas a vencer, no entanto, as tuas dificuldades.

Em seu retiro, velam
separando
a luz das trevas.


erguem-se, baixam-se. Mas como explicar um poema, dir-te-ia o teu pássaro  é como acrescentar um dedo à mão”.

Estas pálpebras
humedecem os olhos
como ninguém a uma fronte.

Como se, enfermeirazinha imaginária, baixasse a febre a um doente.
Mas o poema é de uma grande economia verbal.
 
Nota - Sebastião Alba, foi um mendigo da sua liberdade. Saúdo-O.


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