quarta-feira, 18 de maio de 2011

Guerra Junqueiro

Selecções da “Gazeta do Sul” - Ano de 1955
“ O que de melhor se publicou em 25 anos”

(II volume)

Quando eu morrer, abram-me o peito,
e desta jaula , onde houve um leão,
tirem – o cárcere era estreito –
Meu velho e altivo coração.

          Depois, sem dó e sem respeito,
          sem um murmúrio de oração,
          lancem-o assim – vai satisfeito ! -
          à vala obscura,  à podridão!

          Para que morra e se desfaça
          no lodo amargo da desgraça
          por quem bateu continuamente,

          como um tambor que, entre a metralha,
          estoira, no fim duma batalha,
          rouco, furioso, ansioso, ardente …


Publicado em 1951 – Ano XXI – nº 1056, (ortografia conforme o original). 


                                    




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