O Retrato
O menino que caiu da moldura do retrato
como quem tomba da varanda à rua
onde está?, em que lembrança sua
ou em que sepultura do passado,
sufocado, com a boca atafulhada ainda de sonhos?
O seu nome é agora menos um nome que uma doença rara
que te desfigurou a cara, uma doença sem nome e sem cura;
cabereis os dois na mesma sepultura?
De todos os meus sonhos o mais insone é este,
o de alguém perguntando por um estranho
algures, onde o Lexotan se tornou literatura.
Caberemos todos na mesma sepultura?
Autor: Manuel António Pina
Este lindo poema, (minha opinião), faz parte do último livro do autor, intitulado COMO SE DESENHA UMA CASA, publicado em Outubro de 2011, já após ter recebido o Prémio Camões. Dedico-o ao meu amigo "RETRATO", como incentivo à Sua descoberta.
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