quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Homenagem


O último texto de Álvaro Guerra

A vida como projecto só me fascinou até ao sublimar do imprevisível. Não se julgue que desprezo o futuro, sentimento impossível (até por não ser verdadeiramente um sentimento) e porque ao futuro entreguei sempre o melhor do meu passado. E do meu presente.
Grande parte deste livro ilustra esta ilusão…
“Prefiro encontrar para lá do espelho o irascível, austero, radical  -  odeia-me, mas respeita-me!  -  que a melancolia dos sicómoros, na versão figueira-de-faraó, aguardando os enforcados por penas de amor ou desamor,  os suicidas da esperança sem fé, os das aldeias desertas, os das veias sem lâmina, os dos poços sem água, os  da memória sem futuro. O progresso à urbano, motorizado, cimentado, computorizado, uniformizado, privatizado, liberalizado, globalizado. E, no entanto, a besta move-se e… E espreita-nos no denso bosque de acácias disfarçadas de subúrbio ou de carruagem de metro, fora de horas, de seringa em punho, a pedir contas. Vou pelo jardim das paixões extintas…”

(Nota inédita para a contracapa de No Jardim das Paixões Extintas)


Fonte: JL de 1 de Maio de 2002. 

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