terça-feira, 30 de outubro de 2018

domingo, 21 de outubro de 2018


O teu Bolo

O teu companheiro já partiu... 





Já vou vislumbrando o aminho! 

21 de Outubro de 2018

O meu sofrimento é eterno, só terminará no dia que te encontrar

És, foste e serás o ABSOLUTO da minha vida!



domingo, 11 de março de 2018

Homenageando


HOMENAGEM de há 56 anos... 


       


O Poeta  ULISSES DUARTE, faria nesta data 95 anos, escolhi da sua vasta Obra, este Poema intitulado - Melodia Nocturna - do seu livro - DA MINHA PAISAGEM -, publicado em Lisboa no ano de  1959 e que teve uma  Edição Especial   em 2007, um ano antes do seu falecimento a  16 de Janeiro de 2008. A sua Caricatura é da Autoria de Pedro Massano.




Era tarde.
O Sol pintava cor de fogo o horizonte.
A Natureza bebia, sopros de brisa, em seu leito.
Zigue-zagues de andorinhas feriam o tom anil
dum azul meio desfeito dum firmamento de Abril.


Os animais ensinavam numa lição colossal,
que a vida para ser vida, nunca tem vida no mal.
E,
enquanto as sombras das trevas descaíam lentamente,
os ralos por entre as ervas, cantavam alegremente.
Eu bebia a Natureza em tudo o que ela me dava!
Dentro de todo o meu ser, a Natureza falava!
Sentia dentro de mim uma vontade gigante
de ter asas... de voar...
Lançar-me no Infinito!
De ser eu num eu distante!
De ser o deus desse mito que só eu soube encontrar!
A brisa regia a «Orquestra» que os poetas compreendem
e os homens não entendem!
      − era a Natureza em festa!


  Lentamente... lentamente... devagar... suavemente...
a Lua espreitava o Sol que envergonhado fugia.
      − Era a Noite que aparecia.

Tão extasiado estava
que nem reparei no Cisne-do-Lago-d’Águas-de-Prata.
Eu costumava dizer-lhe: − Boa noite, meu menino!
Ele nunca respondia.
Silencioso... distante...
nem sei, até, se me ouvia.
.....................................

− Poeta, queres vir comigo?
− Quem me fala? Quem desperta este Infinito
que aperta tudo em volta do meu ser?
− Eu, poeta! Sou o «CISNE»!
− Mas tu falas? Não sabia!
− Falei-te sempre, poeta!, nessa altura eras só homem,
     não compreendias a vida sem caprichos e vaidades.
Agora,
como não hás-de ouvir um cisne falar
se a própria Natureza mora em teu peito a cantar?
Queres ouvi-la melhor?


 − Se quero, meu,  bom amigo!
− Salta pra cima de mim,
   não temas, vem comigo.

...................................................

Logo, como num encanto regido por mão de fadas
centenas de pirilampos seguiram à nossa frente....
  (parecia que o Sol tinha largado um bocado
                                               para alumiar a gente)...

Onde queríamos ver, era dia de verdade!
E então,
oh realidade suprema das ambições!,
vi os pobres miosótis cantarem lindas canções
enquanto as borboletas dormitavam em seus braços;
vi lírios do roxo lírio dizerem  versos, às rosas,
trespassados de martírio;
junquilhos brancos  de neve balouçando docemente,
embalados pela brisa que soprava levemente;
ervilhinhas perfumadas, ouvindo aos amores perfeitos,
                                                      poesias engraçadas;
e os bem-me-queres, reunidos, lamentavam-se dos homens..,
Uma rainha dos prados, erguendo a sua corola,
segredou-me a meia voz:
− Poeta, não vás embora! Fica.
   Vive para nós!...


 Não esperei nada mais.
Ergui-me com tal leveza...
parecia que a Natureza me tinha tornado alado!
E numa dança de vida em que o meu corpo seguia
              na dança da própria dança,
              rodopiei pelo lago de prata e cor de Esperança!
Ora erguia, ora baixava meus braços com todo o amor.
− O meu coração rezava uma prece ao Criador!
Das flores, partiu um coro de nostalgia campestre.
Vibrei de alma arrebatada!
 A Natureza aparecia como uma orquestra ensinada
por um regente celeste!
Depois,
já quase sem forças, um grito louco, estridente,
saiu do meu peito ardente e vibrou pelos espaços.
até cair pelos montes todo desfeito em pedaços...
Um grito de mim nascido, filho da minha franqueza:
− Oh HOMEM!,
para amares o homem, anda amar  a NATUREZA!



 AUTOR: Ulisses Duarte, do seu livro − DA MINHA PAISAGEM
                                                                       LISBOA, 1959.